O novo hipercarro da Aston Martin é um híbrido plug-in com motor central que demorou anos entre os primeiros protótipos e a versão final de produção. O Aston Martin Valhalla já pode ser encomendado no site da fabricante inglesa e, para importar para o Brasil, será preciso desembolsar algo entre R$ 12 milhões e R$ 15 milhões.
Mesmo com esse valor, seis unidades já tiveram vendas confirmadas para o Brasil e devem chegar aqui apenas no segundo semestre de 2025. A produção do hipercarro ainda não foi iniciada e está prevista para os próximos meses.
O portal Motor1 montou uma unidade no site da Aston Martin. “A carroceria pode vir totalmente pintada, ou ostentando sua fibra de carbono aparente, seja com acabamento brilhante ou fosco acetinado. Apesar de parecer um carro de pista, o acabamento é superluxuoso. Há dezenas de opções de cores para as combinações dos bancos, painel, volante e outros acabamentos internos de couro ou alcantara (até os tapetes podem trazer um acabamento de alcantara…). Mesmo o embleminha externo da Aston Martin pode ser personalizado, feito de titânio”.
Segundo o Motor1, a lista de itens de série inclui câmera de ré 360º, retrovisor interno virtual, faróis matriciais (LED Matrix, com facho auto ajustável) e regulagem de distância dos pedais. Como opcional, há um sistema de som mais caprichado, fornecido pela tradicional fábrica inglesa de alto-falantes Bowers & Wilkins.
Portas Diedrais
Todos os Valhalla têm monobloco e carroceria inteiramente de fibra de carbono, desenvolvidos em parceria com a equipe Aston Martin de Fórmula 1. Os subchassis são de alumínio. Apesar de tanto esforço para aliviar o carro, seu peso é de 1.655 quilos. O modelo mede 4,73 m de comprimento e tem apenas 1,14 m de altura. As portas são diedrais, que se deslocam um pouco para fora antes de fazerem um movimento vertical semelhante ao das portas tesoura. O sistema, lançado pela Koenigsegg há mais de 20 anos, é imune a tetos de garagem baixos e meios-fios altos (impacto, só visual).
Um scoop no teto cria um efeito ram air que força o fluxo de ar tanto para a admissão quanto para a refrigeração do motor. Montado na parte central traseira vai um V8 biturbo de 4 litros com virabrequim plano — ou seja: a posição do primeiro e do último pistão é sempre a mesma, conferindo equilíbrio e dispensando contrapesos.
Com isso, o conjunto é mais leve e consegue trabalhar em rotações mais altas, como se fossem dois motores de quatro cilindros acoplados. Trata-se, basicamente, do mesmo V8 do Mercedes-AMG GT Black Series, mas com 828 cv (contra 730 cv do Mercedes). Seus turbocompressores podem soprar 20% a mais de ar que os usados no super SUV Aston Martin DBX707.
Vale dizer que esta é a primeira vez que a Aston Martin adota um V8 com virabrequim plano, uma tecnologia já tão comum em modelos da Ferrari, por exemplo, e que hoje é usada até em modelos norte-americanos como o Corvette C8 Z06 (o pioneiro, aliás, foi o Cadillac 1923!).
Ré elétrica e tração integral
No eixo dianteiro vão dois motores elétricos. E há um terceiro motor elétrico que vai na parte de trás do carro, integrado à transmissão. O câmbio é automatizado de oito marchas, com duas embreagens (DCT). Para reduzir e aliviar esse conjunto, a ré é feita por meio dos motores elétricos dianteiros. Além de garantir a tração integral ao carro, esse “trio elétrico” elimina qualquer hiato de força provocado por turbolag.
Com os 251 cv do conjunto elétrico, a potência combinada alcança 1.079 cv, o que permite acelerar de 0 a 100 km/h em 2,5 s e alcançar a máxima de 350 km/h.
Há quatro modos de condução — Sport, Sport+, Race e EV — que ajustam as configurações do conjunto motriz, da direção e da suspensão. Na posição EV, o Valhalla pode percorrer até 13 quilômetros em modo 100% elétrico, alcançando uma velocidade máxima de 140 km/h. Detalhe: tracionando apenas as rodas dianteiras.
O parentesco com os carros da Fórmula 1 aparece na suspensão dianteira ativa com triângulos superpostos, sistema pushrod, com amortecedores e molas montados “in-board” no chassi. Apêndices aerodinâmicos ajustáveis criam o downforce necessário para manter o carro no chão. Para deter o monstro, há discos de carbono-cerâmica com 410 mm com pinças de seis pistões na dianteira, e 390 mm e pinças de quatro pistões na traseira. Isso sem falar no sistema de regeneração de energia para os motores elétricos.
Filhote do Valkyrie
O Valhalla é tratado como um filhote do Valkyrie, modelo que era equipado com um V12 Cosworth aspirado, de 6,5 litros e 1.176 cv. Lançado em 2021, o Valkyrie deixa de ser fabricado este mês, após ter apenas 275 carros vendidos. A expectativa para o Valhalla é bem mais otimista: a Aston Martin pretende produzir 999 exemplares. Além de “mais em conta” (digamos assim…), o novo modelo será mais apto ao trânsito em vias públicas.
Na mitologia nórdica, as Valquírias guiavam as almas dos bravos guerreiros caídos até Valhalla, o salão do deus supremo Odin. Traduzindo do nórdico arcaico, Valhalla é o “salão dos mortos” ou o “palácio dos mortos heróicos” — nome um tanto assustador para um hiperesportivo que alcança os 350 km/h, não?