As montadoras Honda, Nissan e Mitsubishi começaram oficialmente as discussões para uma possível fusão em uma única holding, com o objetivo de concluir o acordo até 2026.
O anúncio foi feito pelas empresas em uma coletiva de imprensa conjunta realizada em Tóquio, onde revelaram que as negociações devem avançar nos próximos meses, com a meta de chegar a um acordo final até junho de 2025.
Se a fusão for concretizada, ela pode resultar na criação de uma nova gigante automobilística, que poderia se tornar a terceira maior montadora do mundo, atrás apenas da Toyota e do Volkswagen Group.
A nova entidade teria um volume de vendas anuais estimado em cerca de 8 milhões de unidades, o que a colocaria em uma posição de destaque no mercado global.
Em uma declaração conjunta, as três empresas afirmaram que o objetivo da fusão seria manter a competitividade global e permitir que as montadoras continuem oferecendo produtos e serviços mais atraentes para os consumidores ao redor do mundo.
Esse movimento acontece em um momento desafiador para a Nissan, que recentemente enfrentou dificuldades financeiras, incluindo o corte de 9.000 empregos e a redução de 20% de sua capacidade de produção.
Além disso, as ações da Nissan experimentaram uma valorização significativa, com um aumento superior a 20%, após a divulgação inicial das negociações.
As três montadoras já haviam começado a colaborar em projetos de desenvolvimento de veículos elétricos (EVs) e software, em um esforço conjunto anunciado em agosto de 2024. Caso a fusão seja bem-sucedida, a nova entidade resultante terá um impacto significativo na indústria automobilística global.
Estratégia
A fusão e as parcerias na indústria automotiva são movimentos estratégicos importantes, que buscam otimizar recursos, expandir mercados e promover inovação. Ao longo dos anos, várias fusões e aquisições moldaram o setor.
De forma prática, vale explicar que elas desempenham papéis significativos na evolução da indústria automotiva global, criando novas dinâmicas de mercado, novos produtos e estratégias de crescimento.
Com o passar das décadas, as fusões tiveram implicações diferentes, mas todas demonstram a tendência crescente de colaboração entre montadoras.
Confira alguns exemplos de fusões:
– Fiat e Chrysler (2009)
Em 2009, a Fiat e a Chrysler anunciaram uma parceria estratégica que depois se tornou uma fusão. A Fiat assumiu um controle de 20% da Chrysler, com a possibilidade de adquirir mais participação à medida que a montadora americana se recuperava da crise financeira global.
Cinco anos depois, em 2014, a Fiat comprou o restante das ações, tornando-se a Fiat Chrysler Automobiles (FCA).
– Stellantis (2021)
Em 2021, a FCA se fundiu com o grupo PSA (Peugeot-Citroën) para formar a Stellantis, criando uma das maiores montadoras do mundo.
– BMW e Mini (1994)
A compra foi feita como parte de um movimento da BMW para expandir seu portfólio e reforçar sua presença no mercado de carros pequenos e urbanos, um segmento em crescimento. Ao longo dos anos, a BMW modernizou a marca Mini, mantendo as características de design e o charme da versão clássica, mas incorporando novas tecnologias e recursos de segurança.
Em 2001, a BMW relançou a Mini com um modelo totalmente novo, chamado de Mini Cooper, que trouxe a marca de volta ao centro das atenções no mercado global.
– Renault Nissan Mitsubishi (1999)
A aliança entre Renault, Nissan e Mitsubishi foi formada em 1999, quando a Renault comprou uma participação de 36% na Nissan, que estava à beira da falência.
O objetivo principal da aliança foi ajudar a Nissan a se reerguer financeiramente, por meio de compartilhamento de tecnologia e de custos. A Mitsubishi se juntou à aliança em 2016, após enfrentar uma crise devido a escândalos envolvendo manipulação de dados sobre consumo de combustível.
Por sinal, a Renault também soltou uma declaração a respeito da fusão.
Renault na jogada
A declaração do Renault Group sobre os anúncios de fusão entre Honda e Nissan sugere uma posição cautelosa e estratégica em relação ao processo.
A Renault Group, como principal acionista da Nissan, está claramente atenta às movimentações, mas ainda não tomou uma posição definitiva sobre a fusão.
O foco da montadora francesa está em avaliar todas as opções de maneira a garantir que seus próprios interesses e os de seus acionistas sejam preservados.
Confira a declaração oficial:
“O Renault Group tem conhecimento dos anúncios feitos hoje pela Nissan e pela Honda, que ainda estão em estágio inicial. Como principal acionista da Nissan, o Renault Group considerará todas as opções com base no melhor interesse do Grupo e de seus stakeholders. O Renault Group continua a executar sua estratégia e a lançar projetos que criam valor para o Grupo, incluindo projetos já lançados dentro da Aliança”.
*Com informações do Auto Ranking